terça-feira, 12 de junho de 2018

O impacto dos fatores climáticos e cambiais no preço da farinha de trigo

O panorama dos preços do trigo, influenciado por uma série de fatores, deverá sofrer abalos, no que concerne os preços futuros, segundo a previsão do Sindicato das Indústrias de Trigo dos Estados do Rio de Janeiro e Espirito Santo – Sinditrigo.

Os problemas climáticos, que afetaram negativamente a produção nacional de trigo desta safra 17/18, com uma forte perda de 40% na produção em comparação com a safra 16/17 e ainda com prejuízo na qualidade, começam a se fazer sentir agora, com a falta de disponibilidade de trigo, fazendo com que os moinhos brasileiros aumentem as importações desse grão.

A Argentina, nosso principal fornecedor desse cereal, por sua vez, está sem disponibilidade para atender a total demanda dos moinhos brasileiros. Junta-se a isso a consequência da Argentina ter perdido, nos três últimos meses, mais de 20 milhões de toneladas, entre soja e milho, em consequência da pior seca dos últimos 40 anos, fato que acabou impactando nos preços de todos dos grãos.

Com esse cenário de reduzida disponibilidade de trigo no Mercosul, o Brasil deverá, já no inicio do segundo semestre, estar completando seu abastecimento através de trigos produzidos no Hemisfério Norte (Estados Unidos e Canada), pelo menos até o mês dezembro, quando ocorrerá o início da colheita da nova safra na Argentina.

A reação desses fatores foi um significativo aumento no preço do trigo na Argentina, que estava oferecido em Janeiro/18 a US$ 175,00 por tonelada (base valor colocado em porto argentino) e hoje está sendo cotado a US$ 250,00 por tonelada, ou seja um aumento de 42%. Esse aumento será acompanhado pelo escasso trigo nacional em termos de evolução de preço.

O enorme aumento no custo das tarifas de energia elétrica, em nossos estados – que registram o mais elevado preço do Brasil -, correspondendo ao dobro daquele praticado em Minas Gerais e São Paulo – é outro fator que interfere fortemente na fixação do preço do trigo na região. O reajuste médio para os consumidores industriais será em média de 19,94%, segundo o Portal G1.

O elevada cotação da moeda americana, que vem ocorrendo ultimamente, com alta acumulada de 10,97%, sem previsão de baixa no período, é mais um fator que irá concorrer para o aumento do preço final do produto.

Geraldo Gonçalves – presidente do Sinditrigo RJ e ES