terça-feira, 12 de junho de 2018

Estudo dos biomarcadores no líquor é o exame que detecta a fisiopatologia da doença de Alzheimer mais precocemente


 Pesquisas recentes registram que, aproximadamente, 20% das pessoas com 65 anos de vida já apresentam um quadro neurológico chamado de déficit cognitivo leve e, cerca de 38% destas desenvolverão, em cinco anos, a Doença de Alzheimer (DA). O mestre em medicina e neurologista  Dr. Rafael Higashi , da Clinica Higashi, faz o alerta de que um terço das pessoas, ao redor dos 85 anos, desenvolverá a Doença de Alzheimer, evidenciando uma condição neurológica comum.
Diante desses índices alarmantes vem crescendo o interesse por questões relacionadas às doenças degenerativas, oriundas de origens diversas e permeadas por um universo de incertezas. E, para esclarecer as frequentes dúvidas que rondam as mesas dos restaurantes, dos consultórios e encontros sociais com família e amigos, - “Ando tão esquecido, será que eu estou com início de Alzheimer? Será que a minha mãe está com Alzheimer? – o neurologista esclarece como ocorre a evolução dessa doença.
Dr. Higashi, explica que hoje já se consegue fazer o diagnóstico fisiopatológico da doença logo no início, muito antes do quadro demencial, partir do exame do liquor, que estuda os biomarcadores da Doença de Alzheimer, refletindo a “assinatura” da doença.  O liquor, conhecido também como Líquido Cefalorraquiano (LCR), ou líquido da espinha, é um fluído corporal transparente produzido pelo cérebro, que pode ser retirado através de uma punção liquórica na coluna lombar. Ao ser enviada ao laboratório, a alteração dos marcadores de proteína TAU e Amiloide registra os primeiros sinais da doença de Alzheimer, antes mesmo que as manifestações clínicas apareçam.
Segundo o especialista a doença de Alzheimer pode ser dividida em 3 fases; a fase pré-sintomática, quando o paciente não tem alterações objetivas em testes de memória, entretanto, já está com a doença, bem no seu início; a fase prodrômico ou chamado de déficit cognitivo leve, quando o paciente já apresenta perda de memória, comprovada através de testes e cognitivos da memória, realizados no próprio consultório do médico, (nesta fase da doença a pessoa ainda não tem perda de suas atividades de trabalho), e a demência de Alzheimer propriamente dita, que apresenta manifestações cognitivas importantes a ponto de provocar alteração nas atividades cotidianas, já sendo notada a perda no rendimento e funcionalidade do indivíduo. 
O exame do liquor é útil principalmente nas fases iniciais da doença, a pré-clínica ou de déficit cognitivo leve, antecipando o médico e a família às complicações da doença. Contudo, o neurologista discorda daqueles que acreditam que seria melhor o paciente não ter o diagnóstico da Doença, em uma fase bem inicial. “Apesar da doença de Alzheimer ainda não ter cura hoje, com os tratamentos atuais podemos prolongar a vida produtiva do paciente. Conhecer o inimigo é o primeiro passo para ganharmos a luta e, além disso, pode ser que, no futuro próximo, uma medicação venha a inibir a progressão da doença, podendo beneficiar aqueles com o diagnóstico da doença logo no estágio inicial", afirma o especialista.
Comercialmente, aqui no Brasil, laboratórios especializados de análise de líquor já estão aptos a realizar a medição da dosagem destes biomarcadores. Outros exames para detecção da DA pré-clínica ainda estão em fase de pesquisa. Recentemente, pesquisadores japoneses e australianos publicaram na Revista Nature, estudos de marcadores de sangue para DA capazes de detectá-la no estágio pré-clínico e inicial. Entretanto, estes testes são apenas disponíveis para pesquisa e a acurácia do seu resultado ainda precisa ser confirmada por outros estudos. É importante não confundir exames que registram o aumento do risco com exames diagnósticos. Já é possível saber hoje o aumento da chance de uma pessoa desenvolver a DA através de um teste de sangue chamado de genotipagem da APOE, que informa o aumento ou a diminuição do risco de ter a DA, mas não é diagnóstico. "Testes como a genotipagem da APOE, dizem a respeito do aumento ou da diminuição da chance de ter Alzheimer, e não do diagnóstico fisiopatológico da Doença." pondera o neurologista Rafael Higashi.
O principal fator de risco para a DA é o próprio envelhecimento. "Diante de queixas de perda da memória aos 40 anos, a probabilidade de estar com a doença de Alzheimer, diferentemente do que ocorre aos 85, é pequena, contudo há exceções da Doença de Alzheimer que se iniciam antes dos 65 anos, as quais denominamos de Alzheimer precoce”, alerta o neurologista. Nestes casos, normalmente, a origem é de ordem genética podendo ser do tipo autossômica dominante, quando o progenitor é portador do gene da doença, levando o risco de cada descendente herdar o gene à ordem dos 50%, e ter a denominada “doença no futuro”.
Em suma, hoje já é possível, o diagnóstico precoce da Doença de Alzheimer, entretanto, exames do liquor necessitam de punção liquórica, que só pode ser realizados por médicos com experiência neste tipo de procedimento, normalmente o neurologista. 
Dr. Rafael Higashi. Mestre em medicina (UFF), neurologista e nutrólogo com residência médica em neurologia pela UFRJ e nutrólogo com título de Membro titular da Associação Brasileira de Nutrologia  e Membro Titular da ABNEURO (Academia Brasileira de Neurologia). Tem especialidade no exterior em tratamento do envelhecimento pelo Cenegenics Medical Institute. Hoje diretor médico da Clínica Higashi no Rio de Janeiro.
Contato para a imprensa: Luciana de Azambuja (21) 99966.8902 fatutticom@gmail.com